quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Doce Solidão IV- Meio que um fim


  Então.... Não temos exatamente tempo para falar alguma coisa, ou seja, nada de discursos hoje xD Bem, vamos a história.


  Novamente, o ruivo acorda primeiro que o menor. Ele se espreguiça, bocejando. Levanta-se do sofá e estica as costas. Decidiu fazer uma caminhada em volta do prédio do hospital, já que precisava de um tempo para pensar.
  Durante a noite, havia feito uma coisa errada. Pensou que poderia se controlar, mesmo na frente de Alone, mas errou feio. Na verdade, estava tão entretido no seu próprio mundo que esquecera que o real ainda estava lá, correndo normalmente.
  Quando o menor entrara no banheiro, precisou ignorá-lo para não acabar fazendo mais besteiras. É certo que poderia deixá-lo chateado se continuasse a agir assim, mas era isso ou contar a verdade, e ainda não estava pronto para a segunda opção.
  Ou... Achava que não teria a resposta que desejava. Estava com medo disso. Ter que aguentar calado era melhor do que tentar ficar ao lado do outro, mesmo que como amigo, depois de receber um ‘não’.
  Depois de um tempo, acabou se cansando de tanto andar e decidiu encontrar um lugar onde pudesse se sentar. Havia alguns bancos dispostos em “U” na lateral do prédio que pareciam muito acolhedores no momento.
   Ele se senta no objeto feito de cimento, suspirando por causa do cansaço.
“E aí?” Pergunta Sherly, que estava sentado no banco à frente, acendendo um cigarro.
“Você continua fumando? Não disse que ia parar quando conseguisse um emprego?”
“E você ainda acredita no que eu digo? Pensei que houvesse aprendido a lição com o seu cabelo.” O outro retruca.
  No ginasial, quando estavam na 5ª série, Cass, Sherly e alguns de seus amigos resolveram brincar de um jogo de desafios. Na sua vez, o garoto acabara tendo que usar um dos produtos capilares da mãe, como desafio. ”Vamos lá, é um tintura temporária!” Dizia o outro, o encorajando. Como resultado, até hoje havia se tornado o “ruivo” da turma. Sem mencionar a bronca que levara quando sua mãe descobriu.
“Hum...” Diz Cass olhando para o chão. Aqueles pensamentos ainda lhe incomodavam...
“Aconteceu alguma coisa? Você parece meio triste.” O médico diz, apagando a ponta do cigarro.
“Minha cabeça está... Confusa, eu acho.”
“Você sempre teve essa mania de pensar de mais! Vai acabar queimando os miolos!” Ele se aproxima do outro, sentando ao seu lado. ”O que foi dessa vez?”
“Uhn... Problemas com o amor...” O ruivo responde após pensar um pouco.
“Interessante!” O outro sorri. ”é aquele garoto punk por acaso?”
“Você percebeu não é?”
“Como não faria? Tem ideia de como seus olhos ficam brilhando quando você olha pra ele?”
“Aaah... Eu não estou batendo bem da cabeça! É muita coisa pra pensar!” Ele apóia a testa nos joelhos.
“Olha, eu vou te ajudar, pelos velhos tempos ok? Diga-me qual é o problema.”
“No básico... Eu estou com medo de me declarar.” Diz Cass, ainda na mesma posição.
“Cara... Isso parece conversa de mulher...” O outro ri.
“Você disse que ia me ajudar...!” Ele dá um soco no ombro de Sherly.
“Desculpe, foi força do hábito. Quem é mal nunca deixa as raízes pra trás.” Ele dá de ombros. ”Mas... Acho que o que você precisa fazer agora é ir em frente. Se você desistir, alguém pode pegar aquele punk primeiro.”
“... Obrigado, eu acho.” O ruivo levanta, despedindo-se.
  Sherly nunca foi uma pessoa muito “amável” ou “carismática”. Havia sido um delinquente nato no 1° ano e nos seguintes. Atormentava todos os que lhe incomodavam e até os que não tinham nada haver. Seu maior divertimento era acabar com a vida de dois de seus colegas de turma, que haviam se declarado gays. Inúmeras foram às vezes em que Cass os via passar por aí, com algum membro quebrado ou até enfiados na lixeira. Nunca mais os viu após se formar.
  Mas, por mais que fosse estranho ter uma pessoa assim lhe ajudando, Sherly estava certo. Ele precisava falar com Alone, antes de desistir. A dor de ver outra pessoa com ele iria ser mil vezes maior do que a de receber um não. Decidido, pega o elevador em direção ao quarto andar.


  Batidas na porta do quarto acordam o garoto. Era uma enfermeira, havia sido encarregada de coletar o seu sangue para os últimos exames matinais.
  Alain mal podia esperar para sair de lá. Por mais que estivesse acostumado ao tédio, aquilo superava qualquer coisa. Não podia ler, pois não havia livros. Não podia sair da cama, lhe proibiam isso. Não podia nem mesmo pensar em paz, pois o ruivo sempre lhe vinha à mente. Aquilo irritava. Já estava chegando a um limite. Se não mantivesse a calma, iria descarregar toda essa raiva em cima da próxima pessoa que entrasse naquele quarto.
  A menos... Se fosse Cass. Por mais irritante que o mais velho fosse, ele estava muito agradecido por todo esse tratamento especial. Havia ganhado um jantar e a chance de não perder sua vida. Pelo menos, eram coisas das quais alguém “normal” ficaria agradecido.
  Cass... Da noite anterior até de manhã, acabara pensando nele. Convencera-se de que era um “amigo”, ou melhor, seu primeiro amigo. Estava levemente feliz pela conquista, mas ainda se sentia preocupado. Não que fosse difícil pensar nele como um amigo, mas se sentia estranho por pensar assim.
  Mesmo com seu passado, ele não merecia tudo aquilo. Era uma pessoa tão vazia e sem graça...
“Ei, está viajando de novo é?” O ruivo diz, entrando no quarto.
“Só pensando um pouco, nada de mais.”
“Interessante...” Ele se senta ao lado da cama do outro.
“Você... Está melhor? Ontem fiquei com a impressão de que estava um pouco pra baixo.” Alain diz, reocupado.
“Eu só estava com a cabeça cheia. Estou bem melhor agora.”
“Então... Você quer falar alguma coisa? Ou só está admirando os meus poros?” Ele brinca.
“Na verdade, eu quero falar uma coisa muito importante... Mas não sei como te dizer isso sem te assustar.” O ruivo suspira.
“Ah! Eu preciso fazer algo antes, se me permitir!” Ele se lembra, exaltado.
“O-o que foi?” Diz o outro surpreso.
“Eu não lhe agradeci direito por tudo. Quero que me diga o que você quer em troca.”
“Um beijo!” Diz o ruivo brincando, enquanto aponta para a própria bochecha. Ele se assusta quando é obedecido. ”E-eu estava brincando!”
“D-desculpe! E-eu...!” Alain se ruboriza.
“... Você é muito fofo...” O ruivo o abraça.
“Hum? O-o que?”
“Preciso falar com você. É importante.”
  O outro concorda com a cabeça.
“Sei que isso pode parecer estranho, mas... Eu meio que gosto de você, entendeu?” Ele tenta se explicar.
“Na verdade, não...”
“Bem... Eu gosto muito de você, e queria que você soubesse disso.” Ele solta Alain. ”Eu quero que você me diga se sente algo por mim.”
  Aquilo o pegara de surpresa. Uma coisa que odiava era amor, nunca pensou que se apaixonariam por ele. Ok, podia ter sentido ciúme das outras pessoas, que ao contrario dele, estavam felizes e tinham uma companhia... É, sentia mais ciúmes do que raiva. Mas agora, estava na mesma situação dos que observara antes.
“Vai fica aí calado...?” O ruivo pergunta, o fazendo voltar à realidade.
“Eu estava pensando...” Ele suspira. ”Não sei... Como reagir a isso... Ou o que fazer.”
“Agora eu entendo o que o meu sempai sentiu... Preciso ligar para ele uma hora dessas.”
“Não entendi a sua ligação...”
“Alguns dias antes dele tentar abusar de mim... O sempai se declarou e eu não dei uma resposta muito convincente pra ele.” O ruivo suspira.
“Isso não é uma indireta, é?” Alain diz, com medo.
“De jeito nenhum! Eu só... Estou vendo as coisas por outro lado agora.”
“Bem... Eu sempre tive raiva, ou melhor, ciúme de casais apaixonados...” Ele ri. ”Eu sou uma decepção quando se trata de comunicação entre pessoas!”
“Olha... Sei que não passei muito tempo com você, mas sei que qualquer pessoa que tentar conversar com você só precisa de paciência. O problema foi que ninguém tentou tomar a iniciativa.” O ruivo sorri.
“Hu... Obrigado, eu acho.” Ele diz ruborizando-se.
“Não acredite nele, punk. Pessoas começam a ficar muito boazinhas quando estão apaixonadas.”
“Sherly!!Tenha mais senso vai!”O ruivo grita.
“Eu não perco meu cientista maluco interior, imagine a minha maldade.”
“Você veio aqui pra que?” Alain o interrompe, com raiva.
“Olha! Eu ouvi uma palavra concreta saindo da sua boca! Isso é um avanço!” Ele brinca.
“Vai logo Cheerlider...” O outro retruca, igualmente sem paciência.
“Ok, ok! Eu só vim aqui pra dizer que os exames estão normais. Você já está liberado.”
“Aleluia! Eu não preciso mais ficar aqui!” Alain se levanta. ”Posso pegar as minhas coisas certo?”
“Vá em frente. Você não está mais sobre custódia, ou coisa assim.”
  Depois de arrumar todas as coisas e dar saída a conta do hospital, Alain e Cass se dirigem ao prédio.
“No fim, você acabou pagando a conta...” O menor diz desolado.
“Você não tinha dinheiro. E eu quero fazer todo o possível para lhe deixar feliz.” O ruivo suspira.
“Eu... Ainda não te respondi...” Ele diz, aproveitando o ponto.
“Se você não sente nada por mim, eu não tenho problema... Algum.”
“Sabe... Não é que eu... Não goste de você... Eu só não... Entendo. Preciso de um tempo.”
“Escolha a resposta que você achar melhor, ok?” O ruivo entra no próprio apartamento.

  Alain se deita na cama. Por mais que parecesse estranho, estava cansado de ficar fazendo nada. Talvez ainda estivesse doente... Aquela não era à hora certa para ficar de moleza. Precisava pensar em uma solução para aquela situação.
  O ruivo o surpreendera com aquela confissão... Nunca imaginaria que alguém poderia se apaixonar por ele!Cass havia passado de amigo á... Não. Ele ainda não o respondeu, então tecnicamente, ainda era um amigo.
  Resposta. Precisava muito pensar na resposta que daria ao vizinho. Se fosse negá-lo, não conseguiria falar com ele, teria medo de ferir mais ainda os seus sentimentos, e acabaria por perder um amigo. Se o aceitasse, poderia ficar feliz, mas, não sabia se era para sempre. Sem levar em conta o fato de não saber se o ama.
  Mas como descobriria seus próprios sentimentos?Talvez analisar seu próprio comportamento poderia ajudar. Mesmo nunca tendo se apaixonado, observara inúmeros casais durante sua vida e aprendera os três sinais mais importantes do amor.
1-Pessoas apaixonadas, normalmente, pensam em seu amado/a durante a maior parte do dia.
2-Pessoas apaixonadas nem sempre demonstram seus sentimentos, às vezes o amor pode se disfarçar de ódio ou repulsão.
3-Pessoas apaixonadas normalmente agem sem pensar, na presença de seu amado/a.
 Agora era hora de analisar a sua situação. Alain pega uma folha, para ter como base, e anota nela suas suposições.
1-Durante os dias em que conheci o Cass, por várias vezes a sua imagem me veio à cabeça.
2-Me sentia irritado em sua presença. Misteriosamente, esse sentimento acabou sumindo.
3-Consigo gritar e me expressar quando estou em sua companhia, algo que eu nunca faria. E, por compulsão, o... Havia... Beijado...
  Relembrar aquilo foi estranho. Nunca em sua vida tivera vontade ou coragem de ter algum tipo de contato físico com outras pessoas. E contrariando tudo o que viveu, não havia se sentido ‘estranho’ ou mesmo ‘diferente’ ao beijar o ruivo. Não que fosse muita coisa, só um beijo na bochecha. Mas para ele, era considerada coisa de outro mundo.
  Precisava de mais alguma coisa. Até ali, suas suposições apontavam que estava apaixonado pelo outro, mas por alguma razão, ainda não conseguia se decidir direito.
  Passando a mão sobre seus lábios, Alain tem uma ideia repentina. ”O que aconteceria se eu o beijasse de verdade?” Diz ele, em voz baixa. Talvez fosse seu ponto final. Em todas as suas observações anteriores, quando via um garoto se declarando, ele acabava convencendo a garota com um longo e meloso beijo. Aquilo lhe parecia nojento, mas estava disposto a tentar tudo.
  Jogando o papel em que escrevera no lixo, ele se levanta da cama e decide ir falar com Cass. Seu pedido poderia ser meio estranho e repentino, mas era uma chance para ambos os lados.
  Após sair de seu apartamento, Alain caminha- mesmo sendo uma distância menor que um metro- até a porta do outro. Se sentindo estranhamente nervoso, ele bate na mesma, esperando o ruivo. Após alguns minutos, a porta é aberta e ele entra.
  Notou que era a primeira vez que entrara lá. Apesar de que Cass também não viu muito de seu apartamento.
“Veio pra olhar ou o que?” O ruivo pergunta, tirando o outro de seus próprios pensamentos.
“A-ah!E-eu me distrai...”Ele diz.
“Sem problemas. Eu sei que meu apartamento é lindo.” O outro ri. ”Mas falando seio, o que você quer?”
“Bem... Eu quero te pedir um favor... Ou melhor, quero te pedir uma coisa. Uma coisa meio estranha.”
“Pode falar. Eu faço qualquer coisa por você. A menos que seja me matar, eu gosto muito da minha vida...” Ele brinca.
“Não é nada disso. Eu... Bem... ”Alain hesita, pensando na melhor forma de dizer aquilo.” Ah... Eu vou falar de uma vez! Cass, você poderia, por favor, me beijar?!”.
“Ãhn... O que?!” O ruivo diz surpreso.
“Eu quero que você me beije!” Ele repete um pouco envergonhado.
“Não entendi muita coisa, mas, se é o que você quer...” O outro fala ainda perplexo.
  O mais velho envolve a cintura de Alain com um de seus braços. Lentamente, ele aproxima seu rosto com o do outro, tendo o cuidado de esperá-lo responder. Os lábios do ruivo eram quentes e aconchegantes, ao contrário do outro. Ainda tomando a iniciativa, Cass entra na boca do outro com a sua língua. Os dois compartilham daquele momento durante alguns segundos.
  Alain é o primeiro a desfazer o contato. Já estava ficando sem ar. Ele se joga nos braços do outro.
“Isso foi... Muito bom...” Diz ele arfando.
“Só pra saber, por que você pediu isso?”
“Pra ver se eu gosto mesmo de você.”
“E... Então?” O ruivo pergunta um pouco ansioso.
“Percebi que eu estou apaixonado por você.” Alain diz ainda apoiado no peito do outro.
“Sei que é egoísmo, mas eu queria essa resposta.” Ele ri abraçando o menor.
 “Ei, podemos nos sentar? Ficar assim incomoda um pouco...”
“Faço o que você quiser já te disse isso antes.” O ruivo obedece se sentando. O outro se acomoda em seu colo.
“Pare com isso... Parece que você não tem opinião própria!”
“Então, que tal eu impor um pouco da minha opinião e te convidar para sair? Podemos ir à biblioteca...”
“Eu quero! Faz tempo que não vou lá!” Alain se levanta.
“Então vamos.” O ruivo também se levanta.
  Os dois caminham de mãos dadas até a biblioteca. “Somos um casal agora, não é?” Foi a explicação do ruivo para a situação. Não que Alain não quisesse, ele só estava com vergonha das outras pessoas o verem. Mesmo tendo uma reputação conturbada na cidade, o ato de der visto saindo com um cara não iria ajudar.
  Chegando ao local, os dois se separam para procurar os livros.
“Er... Senhor Captoli, certo?” Uma das bibliotecárias pergunta.
“Sou eu. Algum problema?”
“A-ah... Não! é só que... Pediram para eu lhe avisar que o prazo de entrega de seu livro vai até amanhã...” Ela diz, corando.
“Ah, O.k.”
“Ei, Alone! Eu achei o livro que você pediu!”O ruivo chega equilibrando um livro sobre a cabeça.
“Muito obrigado.” Alain pega o livro sorrindo.
“Que cara mais fofa...” Ele dá um selo no outro.
“E-ei! Tem gente aqui!!”O outro o afasta,corando.
“Ah, oi!” Cass diz a outra que estava os assistindo.
“D-desculpem... Eu estou atrapalhando vocês!” A garota volta rapidamente aos seus afazeres.
“Viu? Você a assustou!!”O mais novo bufa, indo em direção as escadas.
  Após Cass achar um livro que ele pudesse ler, os dois garotos foram para o terraço. Lá, eles se sentaram e começaram a ler. O ruivo não conseguiu prestar muita atenção por mais do que meia hora, então decidiu ir incomodar o outro.
“Ei, Podemos nos beijar de novo?” Ele pergunta enfiando o rosto no livro do outro.
“Você é irritante sabe?” Alain reclama. Fazendo o outro suspirar desistindo. “Mas acho “que é exatamente por isso que eu gosto de você.”
  Alain puxa o rosto de Cass até que se aproxime do seu, sorrindo. O ruivo, após se recuperar do susto, aperta seus lábios nos do menor, se tornando mais violento do que da ultima vez. Ele coloca suas mãos nas costas do outro, entrando em sua blusa.
“Para, para, para!” Alain o afasta. “Precisamos ir com calma. Ainda é o meu primeiro dia com você, entendeu?!”
“Desculpe... É que eu perdi o controle um pouquinho...” O ruivo volta a se sentar.
“Ei, não precisa ficar triste... Olha eu posso me deitar em você, se quiser...” Alain apóia a sua cabeça no colo do outro. “Viu?”
“Você é muito doce sabia?” Cass sorri, passando a mão no cabelo do outro.
“Ei... Se eu estou saindo com você, significa que eu sou gay não é?” O menor pergunta.
“Acho que no seu caso sim. Eu pelo menos sou Bi.”
“Já havia pensado nisso. Você faz o tipo mulherengo.” Ele puxa a orelha do outro. “Não tente paquerar nenhuma garota enquanto estiver comigo, ok?!”
“Ei, ei! Isso dói! E não se preocupe com nada!” Ele se levanta do chão. “Eu gosto de você, o que significa que vai ser a única coisa a se passar pela minha cabeça!”
“Hum...” Alain pega o seu livro novamente e retoma a sua leitura.
  Eles permanecem lendo e conversando durante boa parte da tarde, até que Cass começa a ficar com fome e eles decidem procurar um lugar para comer. Algum dos restaurantes da cidade deveria estar funcionando, mesmo estando no meio da tarde. Por sorte, havia um bem perto da biblioteca, no qual puderam desfrutar um almoço decente, ou melhor do que muitas das refeições que Alain tinha.
  Voltaram para ‘casa’ após comerem e começaram uma conversa banal, como um ‘casal normal’ faria após um encontro. Ou quase isso.
“Gostei daquele lugar... É bem amigável.” O ruivo sorri, sentando no sofá de seu apartamento.
“Espero que nos deixem voltar. Depois do que você fez...” Alain suspira sentando ao seu lado.
“Foi só um selo! Não tem nada de mais!” O outro reclama.
“Mas estamos numa cidade pacata! Somos o único casal ‘diferente’ daqui! Tenha dó.” Ele retruca.
“Você vai me dizer que eu sou irritante não é?” Cass segura os ombros dos outro, o fazendo deitar no sofá.
“É. Isso mesmo.”
“Mas é por isso que você gosta de mim, não é?” Ele sorri.
“D-droga.Está certo também...”Alain vira o rosto, corando.
“Quantas vezes eu já lhe disse que você é fofo?”
“Um mi-” Ele para quando percebe que Cass havia se levantado.  “O que foi?”
“Você não precisa ir trabalhar não?”
“Ah... Aaaaaargh!” Alain se levanta apressado. “Por que você não me lembrou disso antes?!”
  Ele corre para o próprio apartamento e troca de roupa. Usaria somente uma camisa de gola rendada e manga longa com uma calça preta. Não tinha muito tempo para escolher outra coisa. Sai do prédio sem mesmo falar com o ruivo e corre até a confeitaria onde trabalhava.
  Alain sai do apartamento batendo a porta. Ele corre até as escadas principais do prédio, mas é aparado pelo ruivo no meio do caminho.
“Ei! Esqueci de dizer uma coisa!” Ele grita antes de alcançar o outro.
“O que foi?” O menor responde sem paciência, afinal, estava atrasado.
“Quando for trabalhar, não se esquece de dizer que eu pedi uma folga para você.” Cass diz arfando por ter corrido.
“... Seu...!” Alain aperta o pescoço do outro com as suas mãos ao perceber a brincadeira.
“F-foi mal! Eu só queria brincar um pouco com você!” Cass tenta se soltar.
“Hum! Nunca brinque com o meu trabalho ouvi?!” Ele grita nervoso.
“Er... É melhor irmos para o quarto... Essa gritaria irá perturbar os nossos vizinhos...” O ruivo diz, coçando a nuca.
“Ah... Desculpe, vamos logo...” O garoto anda até o apartamento, se ruborizando.
“Você é muito, muito, muito fofo!” O mais velho passa seus braços pela cintura do outro, assim que entram num dos apartamentos.
“E você é muito grudento.” Ele diz ríspido. “Mas fazer o que? Eu gosto de você, então não tem jeito.”
  Os dois, após conversarem durante algum tempo, decidem ver TV. Havia um programa diário que Cass fazia questão de ver. Algum desenho sobre garotos que estavam em busca do maior tesouro do mundo, um desses desenhos que ultrapassam 300 episódios e ainda nem chegaram à metade. Nada que Alain se interessa se, mas o viu por inteiro, aproveitando para deitar no colo do outro. Sempre discriminara os casais apaixonados, mas agora entendia a razão de tanta felicidade. A vontade de estar perto da pessoa que gostava era muito grande, a pesar de só ter descoberto esse fato há pouco tempo atrás.
  Após o termino do programa, Alain decide fazer alguma coisa para agradecer o ruivo. Ainda estava devendo por tudo que ele havia feito. Se levantando, o garoto vai para o seu próprio apartamento, prometendo voltar com uma surpresa para Cass, mas ele teria que esperar.

  O ruivo se sentia no paraíso. Estava aproveitando de toda a felicidade possível junto da pessoa que mais amava. Isso lhe lembrava o ensino médio, onde saíra com várias garotas, achando que algum dia se casaria com uma delas. Um pensamento realmente infantil, adivinhar o futuro é impossível.
  Seria engraçado se, enquanto estivera no ensino médio, tivesse pensado no tipo de vida que estava tendo hoje. Como era amigo de Sherly, levava a fama do outro de “valentão”, apesar de ser uma pessoa calma e tranquila. Enquanto o Cheerlider jogava nerds e gays na caixa de lixo, ele estava rondando a área à procura de alguma coisa para fazer. No fim, só por ser visto falando com o outro, os rumores se espalharam.
  Assim que conhecera seu sempai. Estava somente andando por aí, sem rumo e esbarrara em alguém. O ajudando a catar suas coisas, eles viraram amigos. Como o outro era o primeiro mais velho que conhecia, acabou se tornando o “Sempai”. Passaram o primeiro e segundo ano juntos, mas o maior se formara e perderam contato durante um ano. Chegou o dia em que Cass se formou e por sorte, na cerimônia, encontrara o sempai. Como precisava de um lugar para morar, agora que estaria à procura de emprego, o outro o aceitaria em sua casa durante um tempo.
  Mesmo morando sozinho, o sempai tinha uma casa enorme. Cass se alojou no quarto de hóspedes, onde havia somente uma cama, um armário e uma pequena bancada. Ali iria ser o seu novo “lar” até que arrumasse um lugar próprio.
  Mais ou menos dois meses depois, quando voltara para casa, fora surpreendido pelo mais velho. Após uma breve confissão, ele tentou abusar de Cass, que fugiu, mesmo não tendo outro lugar para ficar. Ligou para Sherly, já que estava desesperado. Ele havia se mudado para uma cidade no subúrbio, bem pacata e distante da capital. Talvez soubesse de um lugar bom para morar.
  É... Várias coisas aconteceram no passado... Talvez tudo tivesse uma pequena importância para o destino, que o levara até agora só para conhecer o seu querido Alone.
  Depois de meia hora, o outro voltara para o quarto, segurando uma bandeja de mini torones.
“É uma receita minha. Não estão abertos para a venda na torteria.” Alain diz um pouco envergonhado. Esquecera de retirar o avental estar assim na frente de Cass era vergonhoso.
“Vamos ver... O que eu deveria comer primeiro?” Diz o ruivo brincando.
“... Seu tarado!!” O outro joga um dos biscoitos na cara de Cass.
“... Está muito bom...!” Ele come o doce que batera em seu rosto.
“... Obrigado...” Alain diz, corando.
  Quanto tempo essa felicidade poderia durar?Nenhum deles sabia, mas dariam o seu melhor para que a resposta se tornasse “para sempre.”
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 Waa... Mas já terminou? -Mentira! É só a metade, sério. Como o extra da série tem o mesmo número de páginas, também o postaremos xD Então, esperem e verão!
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Frase: Quem nunca sentiu aquele espaço faltando? -- Nossa primeira quinta-feira sem No.6.


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