quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Coleção de Oneshots: Dores Reais

O nome pode ser bem estranho, mas eu gosto bastante dessa série. Antes de colocá-la aqui, só quero agradecer a Fabiola, que foi feita de 'cobaia' e leu estas três estórias, Muito obrigado por isso =D! Então, vamos logo a primeira One shot.


      Dor lasciva

Estava andando para casa. Era verdade que aquele havia sido um dia cansativo no trabalho, mas ainda não tivera tempo e nem dinheiro para comprar um carro, então não tinha escolha a não ser voltar caminhando.
Ele suspira. Seu primeiro ano em uma nova cidade estava se tornando cansativo. É claro, sua única escolha depois de convencer o juiz a lhe dar liberdade era tentar uma vida nova, mas, estava se tornando mais difícil do que esperava.
Ah, vida. Algo que poderia ser facilmente arruinado e retirado de um ser humano. Aprendera com o tempo, que a vida é frágil, e às vezes insignificante para alguns. Vivesse para aprender. Vivesse para criar outros. Vivesse para morrer. Morresse sem deixar vestígios e logo é esquecido.
 A mente de qualquer um começa a mudar quando se é acusado de tirar uma vida. Quando tentam lhe convencer de que foi capaz de apontar a arma para alguém e puxar o gatilho. Mas não era uma pessoa assim, poderia menosprezar a vida em si, mas não se sentia no direito de tirá-la de alguém.
 Barulhos vindos do beco ao seu lado chamam-lhe a atenção. Virando-se e mudando seu caminho, ele segue para averiguar o que estava acontecendo.
 Um garoto lhe encara. Seus olhos pareciam tentar queimar a qualquer um que se aproximasse assim como a aura que o circundava. Estava apoiado na parede do beco; suas roupas estavam rasgadas e sujas, a maioria com uma mistura de terra e sangue. Segurava uma pequena adaga brilhante em uma de suas mãos.
“... Nem... Pense... Em... Se... Aproximar...!” O garoto arfa, sem desfazer o contato visual.
 Pobre pessoa. O que poderia fazer alguém chegar a aquele nível de loucura? Não que fosse de sua conta, mas pensar que ele mesmo poderia ter chegado a aquilo era perturbador.
“...Eu... Finalmente... Vou deixar... Esse mundo...” Ele faz esforço para levantar os braços e segura sua adaga perto de um dos pulsos. “Não... Empeça-me!”
Ele sorri. Os céus estariam lhe pedindo para dar mais valor ao que criaram, fazendo o papel de anjo salvador?
“Eu não farei nada.” Diz, ajoelhando-se á frente do garoto e fitando-o.
 Seus olhos continuam a efervescer por alguns segundos, mas logo são possuídos por uma tristeza fria e consistente. Ele solta a faca, soluçando. Lágrimas começam a descer para suas bochechas e molham o colarinho de sua blusa.
 Para sua surpresa, o garoto caí em seu colo, ainda chorando. Ele tenta se levantar, mas seus ombros haviam sido envolvidos com os braços do garoto. Suspira, carregando-o até sua casa.
-x-
“Ah, você acordou.”
 O garoto se levanta assustado. Por que estava naquele lugar? Ele olha para o outro, que estava sentado ao lado da cama. Quem seria ele?
“Pode me chamar de Akira, se é isso que está pensando.” O homem estende sua mão.
Ele lança um olhar ameaçador sobre ele, dando um tapa na mão que se estendia. Como alguém poderia tentar oferecer-lhe bondade? Com que autoridade tentaria lhe ajudar?
“Espero que você esteja melhor. Essa é a única cama que eu tenho, e não quero dormir no chão por dois dias seguidos.” Akira continua.
“Por que estou aqui?” O garoto pergunta, fazendo seu próprio nariz tremer.
“Você não me soltava, então minha única escolha foi te trazer até aqui.”
 As memórias da noite anterior lhe vêm à cabeça. Era verdade... Estivera a ponto de cometer suicídio, mas ver o rosto daquele homem o fizer sentir vergonha de si mesmo, por algum motivo.
“Desculpa...” O garoto envolve-se com os braços. “Eu causei problemas a você, não foi? Eu sempre faço isso, não sirvo nem para viver sozinho. E por pior que pareça, não consigo nem mesmo acabar com isso... Ou comigo...”.
“Essa é sua vida. Sua.” Akira se levanta. “Eu vou para o trabalho. Se você quiser ir, vá. Não farei nada contra suas próprias decisões.” A pequena kitnete se torna um lugar vazio quando o homem se vai.
O garoto se levanta da cama. Seu corpo estava fraco e sua cabeça doía; qualquer um que ficasse sem comer por uma semana ficaria assim. Comida é a fonte de energia para o corpo de qualquer ser vivo e nada funciona corretamente sem essa fonte de energia.
 Ele nota que estava vestindo uma roupa diferente da que se lembrava. Akira provavelmente o teria trocado quando o trouxera para casa. Por mais que o outro não falasse nada, com certeza havia causado incômodo a ele.
Se envolve com os braços, apertando suas unhas contra a pele. Aquilo era a única coisa que o acalmava quando toda a decepção de sua vida cismava em lhe perturbar.
 Tornara-se uma pessoa vazia, que não conseguia mover seus próprios pés sem ajuda dos outros. Por mais que tentasse, por mais que se esforçasse, só causava problemas e preocupações. Fugira de casa há uma semana e o que conseguira? Nada. Só havia forçado uma pessoa inocente a lhe ajudar.
 Como queria criar asas e poder ir até o sol, sentir o calor derreter sua pele e dar fim a existência de seu próprio ser.
-x-

Akira gira a chave, destrancando a porta e entrando em seu apartamento. Chovia muito e o cheiro de terra molhada invadira o lugar.
Como imaginava, o garoto da noite anterior ainda estava lá. Apoiava-se no peitoril da janela, olhando as pessoas fugirem da chuva.
“Se você não fechar a janela, logo aqui vai virar uma lagoa.” Ele coloca uma de suas mãos sobre o ombro do garoto.
 Ele rapidamente retira a mão de seu ombro, assustado; fita o homem por um tempo e então fecha a janela.
“Você quer comeu alguma coisa? Está com fome?” Akira pergunta, colocando sua maleta em cima da pequena mesa de mármore ligada a bancada da cozinha.
“Eu... Quero comer macarrão...” Ele diz, após divagar um pouco.
“Está bem. Mas eu só tenho macarrão instantâneo.” O homem pega um pacote colorido que estava em um armário baixo.
“Não tem problema. Eu nem deveria estar roubando sua comida. Deveria ter ido embora...”
“Vá se quiser. Mas também não tenho problema se aproveitar da minha bondade. Basta se decidir sozinho.” Akira coloca o conteúdo em uma vasilha com água e o esquenta no forno.
 Os dois comem sem trocar muitas palavras. Nenhum deles estava disposto a falar sobre si mesmo, e não havia assuntos em comum do qual pudessem tratar.
-x-
 Fazia uma semana que Akira abrigara aquele garoto em sua casa. Até o momento, não sabia seu nome, então o chamava simplesmente o chamava de garoto. Ele fugira duas vezes, mas sempre voltava sujo e coberto de sangue, normalmente seu próprio.
 Akira nunca tentava se opor as decisões dele. Não discutia por nada que fizesse, não comentava sobre suas atitudes distorcidas.
“Já devem ser sete horas. Akira deve estar chegando.” O garoto diz a si mesmo, sentado, segurando os joelhos.
 Subira para a cobertura do prédio; conseguia ver toda a cidade de lá. Como o Sol já havia descido, as luzes das casas e apartamentos estavam ligadas, fazendo da paisagem um mosaico brilhante.
 O vento fazia seu cabelo se mover descontroladamente, mas era bom sentir o ar renovado em seu rosto.
 Akira abre a porta que dá para a cobertura do prédio. O garoto que estava sentado se levanta, mas continua distante, mantendo seus pés na borda de cimento.
“Dizem que suicidas pagam pelo pecado que cometeram indo para a solidão eterna, até renascerem.” Ele diz. O vento faz sua voz parecer fina e vacilante.
“Nunca se sabe. Tudo pode acontecer.” Akira se encosta-se à porta.
“Obrigado.” O garoto sorri, pela primeira vez. “Você me fez perceber o quão egoísta eu estava sendo. Mas esse sentimento é o que me trás à razão.”
 Akira continua assistindo, sem interromper ou argumentar.
“Então, estou indo.” Ele se vira de frente para a cidade. “A propósito, meu nome é Ange. Tim Ange.” Então, dá um passo para frente, caindo.
O homem suspira, fechando a porta da cobertura e descendo as escadas para ir a seu apartamento.
Vivesse para aprender. Vivesse para criar outros. Vivesse para morrer.
Morresse deixando marcas profundas nos que ficam para trás.
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E aí? Gostou da primeira estória? Então não se acanhe e comente! Não gostou? Sugira alguma melhoria! Posso até mudar um pouco o texto, se for uma ideia boa!

Olá!

 Sei que poucas pessoas dizem isso, mas, "Olá!". Ok, esse é o primeiro post no blog, então, acho que seria bom descrever um pouco do que quero colocar aqui.
  Como veem no subtítulo (Mary sues e Doujinshis), aqui é o lugar onde irei postar minhas MS[Mary sues], (ou seja: estórias de ficção com personagens originais, normalmente retratando romances homossexuais) e alguns de meus doujinshis ( estórias e romances baseados em algum anime e/ ou mangá).
  Então, estou avisando pela segunda vez (já que antes de entrar no site é necessário aceitar o conteúdo adulto), se não gosta de YAOI ou YURI, por favor, pare de ler e volte ao que estava fazendo. Digo isso para que não existam reclamações e xingamentos nos comentários.
 Então, isso é tudo para o primeiro post; Até mais!