quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Doce Solidão

 E a espera finalmente acaba! [ou, será que não?- *leva soco*]. Ok, como disse no post anterior e como podem ver no título, vamos lançar uma nova história! OK, antes de colocá-la, só preciso de dois avisos:
1) "Doce Solidão" já está completa e será lançada semanalmente (possivelmente toda quinta-feira). Como a escrevemos há muito tempo, nem sonhávamos em postá-la em algum lugar; por esse motivo, não há divisão de capítulo ou algo assim (ou seja, era uma Oneshot com incríveis 46 páginas xD). Então, o número de páginas lançadas por semana é um mistério até para nós.
2) Este livro é uma obra fictícia sem nenhuma referência ao mundo real. Qualquer semelhança é pura e mera coincidência.Direitos reservados ao autor. A produção de copias é estritamente restrita para outras pessoas. A não ser que se tenha a apresentação de um documento assinado, permitindo a sua produção.
Avisos:
Esta obra engloba drama, ficção narrativa e romance. Também faz referência á uma relação homossexual masculina, contendo conteúdo explícito. Sua faixa etária é de 16+.




                                                                 
                                                 DOCE SOLIDÃO
  Ele fita a parte interna da vitrine de doces. Um mar de açúcar e cores leves; seus sabores poderiam fazer suspirar até a mais bela dama, e as que se mantinham quietas, estavam perdidas entre o melado que percorria o sorvete e a cereja que o enfeitava. Ali era um refugio para os mais tristes corações, quebrados em minúsculos pedaços, sem piedade ou dó. Poderiam se esquecer do mundo real e sonhar com um final feliz para suas vidas.
“C-com licença senhor... Poderia me trazer um camafeu, por favor?” Uma jovem pergunta, encabulada pelas peculiaridades do rapaz.
“Com prazer.” Diz ele despertando de seus pensamentos.
  O motivo de trabalhar ali não eram as belas damas sonhadoras, mas puramente os doces. Como havia passado toda a sua vida, até então, solitário, acabou se fixando no prazer de preparar os mais finos doces e bolos que poderia imaginar. Flans, sachertortes, pudins chou a La cream, poderia fazer uma lista ampla com as receitas que havia criado. Afinal de contas, o tempo que passou sozinho servira para alguma coisa.
  Mesmo enquanto mais novo, sempre o deixavam de lado e esqueciam-se de sua existência; seus pais, nem se quer se importavam se voltasse para casa ou não. Chegou mesmo ao cúmulo de ficar semanas vagando sem direção pela cidade, esperando que a morte viesse logo para acabar com a solidão que sentia.
  Dias, semanas, anos passavam lentamente, como se cada minuto pesasse uma tonelada.
  Mas, acabou não desistindo de sua vida. Ao sair do colégio, mudou-se para uma pequena cidade vizinha onde pudesse morar sozinho e arrumou um emprego no qual se sentir acolhido, mesmo sendo um sentimento falso.
  Então, ali estava, em meados de seus dezenove anos, Alain Captoli -também apelidado como “Alone”. Apos entregar os pedidos aos respectivos clientes voltou a fitar as fatias de bolo.
  De tempos em tempos, alguém vinha para fazer um pedido, atrapalhando toda a linha de raciocínio do garoto. Com o tempo, o resto do dia se passou e seu expediente havia acabado.
  Alguns funcionários, seus colegas de trabalho, foram para uma noite de karaoquê no bar da vizinhança, mas ele ao contrario deles, partiu para seu apartamento.
  Era um recinto bem humilde. Só um quarto, a sala, a cozinha e um pequeno banheiro no qual se tinha uma ducha elétrica, uma pia e o vazo sanitário.
  Jogando seus pertences no chão, o garoto se dirige a cozinha, querendo checar se o seu item mais valioso não havia saído do lugar; o que por sinal, não aconteceu. Era um fogão com seis bocas e um forno de potência estupenda embutido. Foram doze meses de trabalho árduo, mas valeram a pena. Sentando-se ao lado do objeto, Alain olha ao seu redor exibindo um pequeno sorriso.
  Aquele espaço era fruto de seu próprio suor. Não era algo insignificante. Conhecia cada rachadura, cada reentrância e bolha daquelas paredes como se fossem uma parte de si.
  Levantou-se, olhando para o relógio em seu pulso - um artigo que, por sorte, ganhara em um sorteio. -percebeu que já eram oito e meia da noite, hora de encontrar alguma coisa para comer.
  Remexeu todo o interior do armário, a procura de algo que não fosse enlatado. Acabou por encontrar um pacote de pringles. Aquilo o com certeza iria satisfazer seu estômago até de manhã.
  Deitando em sua cama e encostando-se na parede, o garoto estava devorar as pequenas batatas, criando estalos altos.
  Sua atenção é passada aos sons que vem do outro lado da parede. O apartamento ao lado pertencia a dois garotos que possuíam a mesma idade que ele. Pelas conversas que conseguiu ouvir anteriormente, os dois eram amigos de infância que decidiram poupar dinheiro dividindo um apartamento.
  Algumas vezes, por volta das nove da noite, Alain gostava de ouvir o que seus vizinhos estavam fazendo. Durante a semana anterior, jogaram todos os jogos de tabuleiro que tinham. O seu preferido com certeza foi quando jogaram Twistter, era possível imaginar a cena só pelas reclamações de um deles.
  Mas dessa vez, os sons pareciam bem diferentes. Às vezes eram altos, e algumas horas tornavam a baixar. O garoto deixa o pote de salgados ao seu lado, encostando seu ouvido na parede, tentando ouvir melhor.
“Ah!Ah!P-pare ,Krand!”
  Ele espreme metade de seu rosto contra a parede. Aquilo estava começando a ficar estranho. Ou melhor, suspeito.
“Tenha paciência!... Vai... Passar logo!”
  Isso já era demais, pensa o garoto se desencostando da parede. Parecia que sua diversão havia acabado. Era melhor terminar de comer e ir dormir.
“Uhr! K-krand!”
“Só mais um pouco! Ah!”
“Seu bando de viados histéricos! Eu posso ouvir vocês daqui!” Ele grita, chutando a parede.
  Uma das coisas que Alain mais odiava era o amor das outras pessoas. Aprendeu a odiar esse sentimento com cada célula de seu ser. Observara, durante todo o ensino médio, os hormônios adolescentes subirem a cabeça de seus colegas de classe e os levar a compartilhar saliva e outros fluidos corporais. Já foi até mesmo preso por agredir um casal que passava na rua, mas conseguiu a sua liberdade provando que não estava em sua perfeita sanidade mental. Isso lhe lembrava vagamente uma das teorias de Rousseau...[1]
  Deixou o pacote no chão ao lado da cama. Por um momento, a ideia de comprar uma escrivaninha lhe veio à cabeça, mas rapidamente sumiu de sua mente, graças ao sono que teimava em lhe perturbar.

  Alain acorda assustado; esquecera de comprar pilhas novas para o despertador e acabou acordando em cima da hora.
  Pegou uma camisa de tecido leve, gola pólo e mangas rendadas, usando um corpete preto por cima e uma calça strech, igualmente preta.
  Não havia tempo para arrumar o cabelo, então, saiu correndo levando somente os seus pertences em sua bolsa habitual. No caminho para a escada, ele encontrou seus vizinhos.
“Você é o nosso vizinho, certo?” O loiro pergunta.
“Cala a boca. Eu estou atrasado para o trabalho.” Ele diz correndo.
  Não havia tempo para discussões. Um atraso significava que a sua futura promoção iria por água abaixo.
  Abriu a porta, esbaforido, olhando para o relógio. Conseguira chegar um minuto antes do começo de seu expediente. Entrou na cozinha para pegar seu avental e prendeu a franja, que o atrapalhava a cozinhar.
  Logo o estabelecimento começou a se encher das damas que fequentavam o local, e também se via algumas caras novas.
  Uma delas acabou chamando a atenção de Alain. Era um garoto alto, ruivo e tinha olhos castanhos que destoavam com sua pele alva. Vestia uma blusa branca colada, da qual não se via muito, graças aos vários colares que lhe sobrepunham, e um jeans de joelhos rasgado.
  A figura se dirigiu ao balcão, sendo seguido pelos olhos de todos no estabelecimento.
“Eu queria uma mousse de cereja, por favor.”
“Para comer aqui ou pra viagem?”
“Comer aqui.”
  Alain retira o doce da vitrine e entrega para o ruivo. Ele agradece e escolhe uma mesa do canto. Seus olhos vasculham toda a mousse antes de começar a comê-lo.
  O cozinheiro se vê olhando para o recém chegado, ao invés de fitar os doces, como sempre fazia. Pelo que sabia o único habitante considerado “interessante” na cidade era ele próprio - graças ao seu modo peculiar de se vestir e também graças a seu pircing labial. -mas parece que seu posto estava em perigo.
“É hora do seu intervalo, Alone.”
“Hum.” O garoto resmunga, tendo seus pensamentos interrompidos.
  Olhou para o relógio, uma e quinze da tarde. As horas haviam passado mais rápido do que normalmente.
  Suspirou remexendo sua bolsa. Com a pressa que saiu de casa, esqueceu de colocar alguma coisa para comer, então ia ter que comprar alguma coisa ali mesmo.
  Saiu do balcão, indo em direção a mesa que costumava almoçar. Para sua surpresa, ela estava ocupada. O garoto ruivo de antes ainda estava sentado nela; parecia viajar enquanto fitava as pessoas que passavam na calçada. Alain se vira com a intenção de procurar outra mesa, mas é surpreendido.
“Você queria sentar aqui?” O ruivo diz, voltando-se para ele.
“Ah... Não se preocupe, eu acho outra mesa.”
“Elas estão todas ocupadas.”
  Alain ronda a cafeteria com os olhos. Era verdade. Como era sexta-feira, o lugar estava cheio. Ele torna a olhar para a mesa, preocupado.
“Pode sentar aqui.” Diz o garoto. ”Eu não vou te morder.”
“Hum.” Ele se senta, pegando um talher para começar a comer.
“Então...” O ruivo tenta puxar conversa. ”Eu sou novo por aqui.”
“Hum”
  Ele não gostava muito de conversar, estava acostumado a ficar calado enquanto observava as outras pessoas de lá. Às vezes até poderia dizer um “como foi o seu dia?” para alguma cliente, mas elas só sorriam e diziam “muito bom.”,  terminando a conversa.
“Você mora aqui há muito tempo?” O outro insiste.
“Um ano.” Alain diz friamente, sem desviar seus olhos de sua comida.
“Tem algum shopping por aqui?”
“Se você andar cinco quilômetros, sim.”
“Também não tem nenhum fastfood aqui?”
“Hum”
  Ele provavelmente veio do centro da cidade. Por aqui, não se vê essas frescuras tecnológicas ou franquias famosas de lanchonetes. É um lugar bem tranquilo e pacato, um lugar onde o que se considera “ponto mais frequentado” é a biblioteca. Alguns recém chegados reclamavam do ar de fim de mundo, mas logo percebiam que esse era o charme da cidadezinha.
“Que chatice. Não tem nada pra fazer aqui!” O ruivo reclama.
“Então volte para o lugar de onde veio.” O outro diz se levantando.
  Não estava com muita paciência para discutir. Principalmente se fosse com um mauricinho desses. Era melhor voltar a trabalhar antes que começasse a ficar com raiva.
  O assim como a manhã, o resto do dia passa rapidamente. Nas sextas-feiras, seu expediente só ia até as quatro da tarde. Havia guardado um tempo para fazer alguma coisa diferente.
  Dessa vez, havia decidido ir à biblioteca. Um novo carregamento para a seção de mistério chegara à semana passada. Saindo da cafeteria, decidiu dar um pulo em casa para pegar um chapéu, o sol das quatro estava torrando a sua cabeça.
  Também preferiu retirar o corpete preto e substituir a calça por um short balonne. Assim não passaria tanto calor. Saiu depois de colocar suas botas e colocar a carteira no bolso. Se decidisse alugar algum livro, preferia carregá-lo ao invés de levar uma bolsa.
  A porta do apartamento ao lado estava aberta, não resistiu a espiar. Todos os móveis haviam sido retirados e encaixotados. Eles deveriam estar se mudando.
  O garotou rezou para que seu novo vizinho for alguém bem pacato e na dele. Assim poderia evitar conversas de corredor. Também rezou para ele ou ela não ter um namorado ou coisa do gênero. Iria ser um tormento ter que aturar toda aquela baboseira noturna.


[1] (”Todo homem nasce bom. A sociedade é que o corrompe.”) Se querem saber...




 Então, por enquanto é só xD Esperem até semana que vem para verem o próximo capítulo~

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 Frase da vez: " Enquanto todos comentavam sobre o ultimo capítulo da novela, eu surtava falando sobre o beijo do ShioN e do Nezumi." Adptado do Tumblr de um Otaku Depressivo. (visitem-no u.u)

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